
Nos anos 90, decretaram a morte do vinil.
As gravadoras fecharam fábricas. O CD virou "o futuro". O MP3 parecia a revolução final.
Quem guardava discos era visto como ultrapassado. Nostálgico. Fora do tempo.
E, por um tempo, parecia verdade. As prateleiras esvaziaram, as rádios pararam de tocar e as pessoas passaram a consumir música como quem consome fast food: apertando play sem pensar, sem esperar, sem ritual.
Mas algo silencioso acontecia nos bastidores. Enquanto o mercado corria atrás da velocidade, pequenos grupos continuaram cultivando coleções de vinis.
Defendiam a qualidade do som, mantinham o prazer do ritual de colocar a agulha no disco, guardavam o vinil não só como música, mas como memória.
O que parecia enterrado voltou. Hoje, mais de trinta anos depois, o vinil não só reviveu como ultrapassou a venda de CDs.
Ele não é apenas um formato. É um símbolo de autenticidade, profundidade e presença cultural.
Por quê? Porque o vinil nunca foi sobre praticidade. Foi sobre experiência. Ouvir um disco não é só ouvir música, é um ato de presença.
É um convite a estar inteiro, a mergulhar, a não consumir correndo, mas degustar devagar.
O que chamaram de ultrapassado, na verdade, era ouro.
E essa história se repete diante dos nossos olhos — com o email.
Talvez você já tenha ouvido — ou até pensado — a mesma coisa: “Email é coisa do passado. Hoje é Instagram, TikTok, Reels, Shorts…” Parece óbvio.
Afinal, sua caixa de entrada está entupida de spam, boletos, promoções de mercado e anúncios que você nunca pediu. E quando você olha para os números das redes sociais, parece que todo mundo está lá — e só lá.
Mas deixa eu te contar um segredo: o feed pode te dar dez segundos de fama. O email te dá dez minutos de atenção plena.
A diferença não é de tecnologia. É de profundidade.
O email não é um botão de like. É um espaço íntimo, pessoal, silencioso, onde o leitor escolhe abrir a porta para você entrar.
É o único canal que não depende da sorte do algoritmo, nem da volatilidade das plataformas. É terreno próprio. É raiz. É ritual.
E, exatamente como o vinil, está vivendo sua era de renascimento.